SINTETIZA BEM A SITUAÇÃO.
RESPONSÁVEIS: a empresa VALE/Samarco, governos
estadual, federal e municipais.
VÍTIMAS: população da bacia hidrográfica do Rio Doce,
fauna e flora ribeirinhas, chão do rio pavimentado pela lama.
A Samarco Mineração S.A., fundada em 1977, é controlada
através de uma joint-venture entre a Vale S.A. e a anglo-
australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações da
empresa. Possui sede na capital mineira e mantém
unidades industriais nos municípios de Mariana e Ouro
Preto, bem como no município capixaba de Anchieta, na
unidade de Ponta Ubu. Na unidade mineira de Germano
localizam-se a mineração e o beneficiamento inicial do
minério de ferro. No Espírito Santo, estão a pelotização do
minério de ferro e o Porto de Ubu, bem como um escritório
na cidade de Vitória para as operações de comércio exterior
e câmbio. É a décima maior exportadora do Brasil, com
clientes em mais de 20 países.
Conforme pesquisou o professor Antonio Julio Menezes
Neto, veja quem controla a VALE.
" A Vale é controlada pela Valespar, que detêm 53,3% do capital.
Quem controla a Valespar? A Previ, fundo de previdência do
Banco do Brasil, com 49% das ações, o BNDES par com 9,5%,
a Bradespar com 17,4% e a Mitsui com 15% e outros menores.
Portanto, temos um quadro surreal em que a Vale é controlada, majoritariamente,
por um fundo ligado ao governo e sindicatos".
Periodicamente a tragédia se repete: Barragens de Contenção de Resíduos de Mineração se rompem causando morte e destruição. O rompimento das barragens de Fundão e de Santarém, em Mariana (MG), foi mais um capítulo na triste história que envolve incidentes que causaram mortes, destruição ambiental e deixam seqüelas.
Minas Gerais é o Estado com maior número de ocorrências. Nos últimos anos temos os seguintes registros:
· Setembro de 2014, o rompimento da barragem de uma mina em Itabirito. Três operários morreram e cinco ficaram feridos.
· Janeiro de 2007, a barragem com rejeitos da mineradora Rio Pomba Cataguases rompeu e inundou as cidades de Miraí e Muriaé com mais de 2 milhões de litros de lama de bauxita. Mais de 4.000 pessoas ficaram desalojadas e 1.200 casas foram atingidas.
· Março de 2006, um outro vazamento durou três dias. Naquela ocasião, os 400 milhões de litros de resíduos de tratamento de bauxita -- água e argila -- atingiram um córrego da região e chegaram ao Rio de Janeiro.
· Março de 2003, outra barragem de rejeitos industriais em Cataguases se rompeu e despejou cerca de 1,4 bilhão de litros de lixívia negra, resíduo da produção de celulose, contaminaram o rio Paraíba do Sul e córregos próximos por 200 quilômetros, atingindo também o interior do Rio de Janeiro e deixando 600 mil pessoas sem água. Peixes e outros animais que viviam às margens dos rios morreram.
· Em 2001, cinco operários morreram após rompimento de parte de uma barragem de contenção de minério em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. A barragem de Macacos levou lama e resíduos de mineração, que encobriram dois quilômetros de uma estrada. O acidente também causou assoreamento, degradação de cursos hídricos e destruição de mata ciliar.
· Em 1986, em Itabirito, sete pessoas morreram no rompimento da barragem de rejeitos da Mina de Fernandinho, do grupo Itaminas.
Apos cada tragédia os proprietários e o governo prometem a adoção de medidas de prevenção e controle para que a situação não se repita, mas as promessas ficam só no discurso. Estamos cansados de discursos inócuos.
Aqui em Minas Gerias, após um desses acidentes foi criada a obrigação das empresas de cadastrar todas as barragens de rejeitos existentes, e periodicamente contratar auditoria externa para produzir relatórios sobre sua estabilidade. Os relatórios são encaminhados aos órgãos ambientais e, via de regra, arquivados sem nenhuma analise sobre sua consistência. Conferir as informações in loco, nem pensar.
O Sistema Ambiental Mineiro esta sucateado, não existem recursos humanos e financeiros para que funcione de forma minimamente aceitável. Licenças Ambientais, Outorgas e outras permissões são concedidas baseadas nos relatórios fornecidos pelos empreendedores. Não existe fiscalização antes nem depois das concessões, tudo é cartorial, papel e mais papel.
Dentro desse quadro o governo envia Assembléia Legislativa em regime de urgência projeto de lei que altera o sistema ambiental, desmontando a uma peça que funciona bem o COPAM. Dentro dessa perspectiva o futuro será sombrio para o meio ambiente no Estado de Minas que continuará relegado a segundo plano.
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Os danos ambientais causados pela passagem da enxurrada de lama, provocada pelo rompimento de barragens da Samarco em Mariana (MG), foram drásticos, devem se estender por ao menos duas décadas, e, mesmo assim, a restauração total é tida como impossível, segundo ambientalistas ouvidos pelo UOL.
A lama "cimentou" o bioma e pode até ter causado a extinção de animais e plantas que só existiam ali --a natureza local morreu soterrada.
Além disso, a bacia do rio Doce ficou vulnerável e terá de criar um novo curso.
A flora e a fauna dos rios Gualaxo do Norte e Doce nunca mais serão as mesmas."A perda de habitat é enorme, e o dano provocado no ecossistema é irreversível", explica o ambientalista Marcus Vinicius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas dos principais rios mineiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. "Qualquer ação a ser tomada agora é para mitigar os efeitos do impacto da lama."
Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), estima-se que foram lançados 50 milhões de m³ de rejeito de mineração (o suficiente para encher 20 mil piscinas olímpicas). A lama atingiu diretamente o Gualaxo do Norte, afluente do rio Doce. A enxurrada avança pela calha do Doce, que corta cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até desaguar no oceano Atlântico.
O grande montante de lama com rejeitos de minério de ferro e manganês está bloqueando o curso natural dos rios. Com isso, a água corrente começa a buscar alternativas para fluir, e a escolha pode não levar a um final feliz.
O novo caminho pode levar os rios à extinção. "Existe a possibilidade de o rio perder força e se dividir em lagoas", diz Missagia.
As lagoas também podem morrer. "Além dos minérios de ferro, a lama trouxe consigo esgoto, pesticidas e até agrotóxicos das terras por onde passou. Essas substâncias aceleram a produção de algas e bactérias, que rapidamente cobrirão as lagoas, formando um tapete verde que impede a fotossíntese dentro d'água. Se não há fotossíntese, não há oxigênio. Sem oxigênio os animais, vegetais e bactérias não têm chance de sobreviver", explica.
De maneira alguma a natureza conseguirá retirar a lama sozinha
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